GERIATRIA NÃO É SÓ PARA IDOSOS

 

Quando começar a ir ao geriatra?

Vista por muitos como uma especialidade exclusiva da terceira idade, a Geriatria revela, na verdade, um universo de cuidados que começa bem antes dos cabelos brancos. O envelhecimento não é um evento súbito — é um processo contínuo que merece atenção desde cedo.

O corpo começa a mudar antes do que imaginamos

O desejo por juventude é eterno, mas o corpo humano tem seu próprio tempo. Cientificamente, após o pico de performance física e cognitiva — por volta dos 20 anos —, o organismo inicia um declínio funcional lento e progressivo. Aos 30, os primeiros sinais aparecem; aos 40, tornam-se mais evidentes.

Para as mulheres, o caminho pode ser ainda mais desafiador. Nessa fase, muitas enfrentam o climatério — a transição entre a fase fértil e a menopausa. Ondas de calor, insônia, ansiedade, alterações de humor, perda de massa óssea e muscular… tudo isso exige escuta, acolhimento e atenção integral.

Geriatra: um aliado desde os 40 anos

É nesse cenário que entra o geriatra, um especialista que deveria estar tão presente na vida das mulheres quanto o ginecologista. Com um olhar amplo e preventivo, ele pode suavizar esse processo de transição, ajudar a reorganizar a rotina e promover longevidade com qualidade.

As mulheres vivem mais, mas enfrentam mais doenças crônicas e limitações funcionais. Ainda assim, muitas só procuram um geriatra quando o bem-estar já está comprometido.

Pense no geriatra como um detetive da vitalidade — alguém capaz de interpretar sinais sutis do corpo antes que eles se transformem em doenças. Na consulta, o que vale não é a idade no RG, mas o nível de autonomia, disposição e bem-estar.

Esse profissional está apto a prevenir e tratar diversas condições que costumam surgir na maturidade: hipertensão, diabetes, osteoporose, depressão, demências, entre outras. Além disso, acolhe também a família e cuidadores, reconhecendo que o envelhecimento é um fenômeno coletivo.

Cuidar antes que a crise chegue

O cuidado antecipado com o processo de envelhecimento pode fazer grande diferença na qualidade de vida. Pessoas diagnosticadas precocemente com doenças osteoarticulares, como a artrose, ainda na faixa dos 30 anos, já vêm buscando o acompanhamento geriátrico a partir dos 40.

Esse movimento revela uma valorização do olhar integral que a Geriatria oferece ao paciente — focado não apenas em doenças específicas, mas no bem-estar físico, emocional e funcional ao longo do tempo.

Mesmo diante de condições crônicas, o acompanhamento com um geriatra contribui para manter a autonomia e aproveitar a vida de forma plena, com foco em qualidade e não apenas em longevidade.

Envelhecimento acelerado, mas poucos especialistas

Enquanto o Brasil se transforma num país cada vez mais maduro — com previsão de quase 40% da população acima dos 60 anos em 2070, segundo o IBGE —, enfrentamos uma grande lacuna: a falta de geriatras.

A OMS recomenda um geriatra para cada mil idosos. No Brasil, temos um para cada 12 mil. Para piorar, apenas 0,7% dos médicos residentes escolhem essa especialidade, e muitos cursos de medicina nem sequer abordam o envelhecimento de forma específica.

Essa escassez acontece justamente quando mais precisamos de profissionais preparados para lidar com a revolução da longevidade. A Geriatria surgiu oficialmente na Europa e nos EUA na metade do século XX, como resposta às transformações sociais da época. No Brasil, começou a se estruturar nos anos 1960, defendendo um princípio essencial: o envelhecimento deve ser visto com naturalidade e tratado com integração entre especialidades médicas.

Velhice como potência, não decadência

No início do século XX, a maior expectativa de vida do mundo era de apenas 46 anos. Hoje, nenhum país tem uma média tão baixa. O mundo mudou, e com ele, a forma de envelhecer.

A velhice, antes vista como sinônimo de decadência, hoje pode representar liberdade, recomeço e potência. Mas é preciso se planejar. Cuidar do futuro começa muito antes do cabelo branco — começa aos 40. Ou até antes.

 


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